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Microbiota e saúde mental: estudo publicado na Nature dá mais um passo na sabedoria milenar

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Parecem muito atuais os estudos que interligam bactérias no intestino e saúde mental, mas o fato é que esta conexão é a base da medicina oriental milenar – nós apenas estamos nos dedicando a isso atualmente.

Do outro lado do mundo, há mais de quatro mil anos, não haveria um terapeuta ou médico que não iniciasse sua consulta perguntando: como vai seu cocô?

Porque o cocô é o grande sinal da saúde do sistema. [façam pôsteres com esta frase]

Minha trajetória de saúde mental sempre se deu por mãos de médicos orientais e creio que posso dizer que, nesta mais de uma década, a microbiota teve um peso que poucos de nós, aqui desse lado do mundo, entenderiam.

Fortalecer a região do ventre, por dentro e por fora, é o grande portal da saúde humana. Seja por meio do Chi Kung, Tai Chi, Medicina Tradicional Chinesa, Yoga, Ayurveda e seu agni, o ventre é o equilíbrio do sistema. 

Por aqui, a microbiota começa a ser ligada ao câncer, diabetes, distúrbios neurológicos, o que for. As doenças crônicas passam pelo ventre e é belo que eu tenho quebrado a coluna nesta região enquanto caía em depressão e inflamações após ter destruído minha microbiota com anos de uso de laxantes e outros remédios. É belo, admitamos.

[nunca mencionei aqui, mas, durante o período de depressão e bulimia, utilizava 60 pílulas de laxantes diárias e, ao cortar esta droga, fiquei 39 dias sem ir aos pés]

Eis que pesquisadores ocidentais estão debruçados sobre esta sabedoria, tentando localizar o funcionamento desta conexão fundamental à medicina ancestral.

Em fevereiro de 2019, a relação encontrada foi entre a intrigante depressão e as maravilhosas bactérias.

Uma equipe belga descobriu que bactérias presentes na flora podem afetar o equilíbrio mental, sobretudo na probabilidade de uma pessoa sofrer de depressão. Os resultados do estudo em grande escala foram divulgados na revista Nature Microbiology.

Os pesquisadores da Universidade KU Leuven analisaram amostras de fezes de 1.054 indivíduos e descobriram que duas famílias de bactérias eram sistematicamente menores nos participantes depressivos, incluindo aqueles sob tratamento com medicação.

O estudo de uma população de controle composta por 1.063 holandeses validou as conclusões de uma ligação estatística entre o número de bactérias e os níveis de bem-estar e saúde mental.

As famílias de bactérias envolvidas — Coprococcus e Dialister — são conhecidas por terem propriedades anti-inflamatórias no intestino.

“Também sabemos que a inflamação do tecido nervoso desempenha um papel importante na depressão. Por isso, nossa hipótese é de que os dois estão ligados de uma forma ou de outra”, disse à agência France-Presse de notícias (AFP)  Jeroen Raes, professor de microbiologia na universidade belga e um dos autores do estudo.

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Segundo Jeroen Raes, o estudo não estabelece uma relação de causa e efeito entre as bactérias e a depressão. A compreensão das ligações entre intestino e cérebro está engatinhando na ciência, e o trabalho belga avança um pouco nesse sentido. “Até agora, a maioria dos estudos se concentrava em ratos ou em um pequeno número de pessoas, e os resultados foram mistos e contraditórios”, explicou.

Ainda assim, a equipe não descarta que esse vínculo seja explorado do ponto de vista terapêutico. “A ideia de que substâncias derivadas do metabolismo de micróbios podem interagir com o nosso cérebro  — e, portanto, com o nosso comportamento e sentimentos — é intrigante”, destacou Jeroen Raes. “Eu realmente acho que é um caminho a seguir: usar misturas de bactérias como tratamento”.

Será que estamos começando uma nova fase na medicina ocidental? É importante dizer que há incontáveis maneiras de recuperar os danos da flora destruída. Afinal, são literalmente milhares de anos de estudo sobre isso, apenas não temos acesso a este conhecimento por aqui.

Mas, devo dizer que o caminho é árduo, de muito comprometimento e mudança de paradigmas. É difícil compreender como um exercício de respiração afeta a microbiota ou como o uso de determinados temperos ou até mesmo forma de preparo de alimentos ajuda ou piora a condição.

Contudo, quem está doente não pode esperar. Eu não estaria viva se tivesse esperado este despertar dos pesquisadores e, por isso, sou sempre grata à medicina ancestral. E sigo neste arsenal de transformações nos mais diversos âmbitos para recuperar os danos que gerei em mim mesma.

Por enquanto, apenas direi: 1 caneca de água morna todos os dias pela manhã.