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Novos estudos sobre Corpos Cetônicos explicam a revolução da cetose no seu organismo

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Corpos cetônicos reduzem a fome e os níveis de açúcar no sangue. Ok, mas precisamos ir além. Não é de hoje que venho tentando mostrar como corpos cetônicos são uma verdadeira revolução no corpo humano, uma revolução capaz de gerar tratamentos até então impossíveis devido às limitações do organismo sem corpos cetônicos.

Hoje, trago alguns dados atualizados dos últimos estudos sobre o principal corpo cetônico, o BHB (medido através do sangue, com o aparelho Freestyle Optium Neo, no Brasil).

Muitos destes estudos focam, principalmente, em doenças neurodegenerativas, como o Mal de Parkinson. É fundamental compreender que o Mal de Parkinson compartilha algumas coisas com outras doenças neurodegenerativas.

Mais ainda, pelo que temos começado a compreender, doenças neurodegenerativas também compartilham elementos com patologias psiquiátricas e transtornos comportamentais. Dentre estes elementos afins, vemos o déficit de energia no cérebro e a morte desenfreada de neurônios.

Hoje, veremos como o corpo cetônico BHB é capaz de:

  1. proteger os neurônios contra a deficiência energética
  2. proteger os neurônios contra o estresse oxidativo
  3. reduzir neuroinflamações
  4. evitar a apoptose (morte celular programada)

Ou seja, como o BHB atua sobre as quatro principais causas das doenças atuais. Vamos começar a fazer justiça com o potencial da Dieta Cetogênica.

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Dieta Cetogênica e metabolismo anormal de energia

Quando falamos de metabolismo de energia, falamos de mitocôndrias. Não é à toa que a Dieta Cetogênica deveria parar de ser conhecida como “Dieta da queima de gordura” e começar a ser chamada pelo que é, a “Dieta da Mitocôndria”.

É na mitocôndria que fabricamos o ATP (adenosina trifosfato).

A desregulação do ATP é crucial para compreender doenças como Parkinson, Alzheimer, esquizofrenia, transtorno do déficit de atenção, instabilidade de humor (incluindo bipolaridade), depressão, ansiedade e até insônia.

Já foi demonstrado que o bloqueio do consumo de ATP ou o aumento da produção de ATP é suficiente para prevenir a morte dos neurônios dopaminérgicos e proteger pacientes de Parkinson de manifestarem os sintomas motores da doença.

O corpo cetônico BHB aumenta os níveis de ATP nos neurônios dopaminérgicos.

Neurônios dopaminérgicos possuem incontáveis funções, como regulação dos processos emocionais do nosso cérebro; administração do sistema de recompensa (incluindo dependência química e compulsão); produção do leite materno (quem, como eu, usou spray de dopamina após o parto?); regulação do sono; administração do planejamento de ações e da tomada de decisões; controle dos movimentos do corpo.

Estudos sugerem que o BHB aumenta a produção de ATP ao exercer efeitos opostos nas reações de transferência de elétrons (reação redox), dinucleótido de nicotinamida e adenina (NAD) e coenzima Q. Ao reduzir a relação entre NAD+/NADH e aumentar a relação Q/QH2, uma verdadeira bomba de energia é produzida.

Adeus, déficit energético. Olá, superenergia e estabilização.

Dieta da Sirtuína

As sirtuínas (SIRT) são um conjunto de enzimas envolvidas em processos metabólicos que atrasam o envelhecimento e previnem doenças ligadas à idade. As sirtuínas atuam em muitos processos celulares, como a morte celular, reparo de DNA e metabolismo de lipídios e de glicose.

Há não muito tempo, foi lançada a Dieta da Sirtuína, que prometia longevidade ao propor uma lista repleta de alimentos capazes de estimular as sirtuínas, como as nozes, azeitonas e vinho tinto.

Outra dieta fantástica para isso é a Cetogênica.

Cetogênica: a dieta da autofagia

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A cetose é capaz de ativar as SIRT1 e SIRT3 através da ativação da AMPK (Proteína Quinase Ativada por Monofosfato de Adenosina), uma enzima responsável pela homeostase energética das células.

Ativar a AMPK é uma das principais coisas que você busca ao fazer jejum, já que ela é uma das ativadoras da autofagia, o processo catabólico que facilita a limpeza celular, a reciclagem dos danos aos componentes celulares.

Possivelmente, a cetose também ativa outras sirtuínas, mas isso ainda está sendo investigado.

Estudos em ratos mostram que a Dieta Cetogênica é capaz sinalizar à SIRT1 o aumento da expressão de proteínas antiapoptóticas e a redução da expressão de proteínas propoptóticas. Com isso, a cetose protege os neurônios de sua extinção.

A hipótese é de que o SIRT1 seja um dos reguladores da autofagia. Isso porque a SIRT1 ativa diversas proteínas importantes para o processo de limpeza celular. A SIRT1 também ativa o grande regulador da biogênese mitocondrial, PGC1-α, geralmente prejudicado em doenças neurológicas.

Estresse oxidativo e antioxidantes

O metabolismo do BHB diminui a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO), que são moléculas instáveis e extremamente reativas, capazes de transformar outras moléculas com as quais colidem.

O desequilíbrio entre as espécies reativas de oxigênio e a capacidade de ação dos antioxidantes é vital para compreendermos grande parte das doenças contemporâneas.

Ao aumentar as concentrações de citrato mitocondrial, o BHB força a mitocôndria a produzir mais NADPH. O NADPH atua na síntese do colesterol e na destruição de patógenos, mas sua principal função é combater efeitos prejudiciais das espécies reativas de oxigênio e dos radicais livres, facilitando a regeneração da glutationa, “a mãe de todos os antioxidantes”.

Ao aumentar os níveis de NADPH, o corpo cetônico BHB também pode elevar a síntese de dopamina e de serotonina, ambos profundamente ligados a patologias como depressão, ansiedade e epilepsia.

Todos os antioxidantes intracelulares dependem, direta ou indiretamente, do NADPH como doador de elétron. A transformação do NADP+ para NADPH, mediada pelo BHB, se traduz em níveis aumentados de glutationa, tierodoxina, vitamina C e E, além de outros antioxidantes essenciais.

O BHB não apenas reduz a criação de radicais livres e aumenta as defesas dos antioxidantes, mas como também proporciona o ambiente ideal para a síntese de neurotransmissores.

Ele ainda tem uma habilidade única em regular as quatro grandes coenzimas nucleotídicas controladoras: NAD+/NADH, NADP+/NADPH, acetil-CoA/CoA e ATP/ADP.

Estas coenzimas se difundem através da célula, regulando coletivamente ao menos 1.500 reações enzimáticas.

Portanto, o poder do BHB no metabolismo está apenas começando a ser conhecido e pode não apenas afetar a energia cerebral e o estresse oxidativo, mas como também as inflamações e a apoptose.

Prevenindo doenças neurodegenerativas com a Cetogênica

O BHB é um inibidor natural das HDACs 1, 3 e 4. A HDAC (histona deacetilase) reduz a toxicidade da α-sinucleína, primeiro gene identificado como causador da mutação que leva ao Mal de Parkinson. Ao regular as histonas, o BHB previne diversas patologias neurológicas e altera a expressão genética.

Em ratos, foi demonstrado que a inibição das HDACs aumenta a expressão do BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro).

Você pode nunca ter ouvido falar do BDNF, mas saiba que é nele que você está apostando quando pratica exercícios físicos para prevenir doenças como Parkinson, Alzheimer, depressão e ansiedade.

O BDNF é de fato vital para estimular a neurogênese (formação de novos neurônios) em adultos.

Pacientes com as doenças acima citadas apresentam uma expressão significativamente reduzida do BDNF, que tem outro importante papel: proteger os neurônios dopaminérgicos de sua extinção.

Por último, o BDNF previne neuroinflamação e apoptose em ratos, reduzindo doenças neuroinflamatórias. Ainda, aumenta a atividade de múltiplas enzimas antioxidantes, reduzindo os danos oxidativos.

Portanto, ao aumentar a expressão do BDNF, o BHB possivelmente protege contra o estresse oxidativo, a inflamação, o déficit de energia e a apoptose.

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Cartaz do filme “A pílula Mágica”, obra sobre a Dieta Cetogênica, que você assiste ao clicar na imagem

BHB: a pílula mágica?

Separar as disfunções que geram as principais patologias do mundo contemporâneo é uma das mais tristes formas de se fazer ciência. Doenças psiquiátricas, crônicas, autoimunes e neurológicas compreendem uma série de desregulações interconectadas.

Anormalidades energéticas levam à morte as células incapazes de manterem a bendita homeostase.  A apoptose pode prejudicar a atividade neuroprotetora do BDNF, aumentando a inflamação e o estresse oxidativo, que danificam as mitocôndrias e aumentam as crises de energia – algo a ser levado em conta se lembrarmos que a Dieta Cetogênica foi criada para a doença da crise energética, a epilepsia.

Claro que a cadeia de eventos não para por aí. O estresse oxidativo leva a danos no DNA e, portanto, induz ainda mais estresse oxidativo, crises de energia e apoptose. Espécies reativas de oxigênio também induzem a apoptose e a inflamação, que acentua o estresse oxidativo, inflamação e apoptose.

Você entendeu a espiral infinita. As doenças neurológicas são sinergéticas. Esta interconectividade impede qualquer intervenção pontual de oferecer eficácia real ao paciente. Talvez, seja por isso que não haja tratamentos de prevenção e os cuidados atuais sejam meramente paliativos.

Contudo, o BHB surge como uma molécula capaz de regular incontáveis destes processos, transformando inclusive a expressão genética dos organismos. Seria o BHB a pílula mágica?

Descobriremos. Os estudos prosseguirão dia após dia e a revolução Keto está apenas começando.

Um grande abraço da Juliana Szabluk. Inscreva-se no site ativando o sininho vermelho localizado no canto inferior direito da página. Assim, você receberá os novos conteúdos assim que eu os postar, diretamente no seu celular. 

Fontes de referência