A relação entre compulsão alimentar e enxaqueca (com ou sem dor): a 2ª doença mais incapacitante do mundo

Enxaqueca: segunda doença mais incapacitante do mundo 

40% da população global sofre de enxaqueca. Segundo a Global Burden of Disease (GBD), já alcançou a marca de top 2 doença incapacitante no mundo. São 3.3 milhões de pessoas. E os números seguem aumentando em escala exponencial: 40% a mais a cada 20 anos. 

E isso inclui, obviamente, a enxaqueca sem dor, também chamada de enxaqueca silenciosa, caracterizada por sintomas como:

  • mudanças rápidas de temperatura corporal
  • nariz entupido ou escorrendo
  • tontura
  • dor no pescoço ou mandíbula
  • sensibilidade à luz, sons, cheiros, toque ou movimento.

Será que você sofre de enxaqueca, esta doença totalmente ligada à incapacidade de usar açúcar como único combustível, à deficiências energéticas mitocondriais, problemas antioxidantes e de absorção de nutrientes?

Os corpos cetônicos fornecem ao corpo e ao cérebro mais energia do que a glicose, o que significa que os músculos e o cérebro funcionam com mais eficiência. Isto é especialmente importante para pacientes com enxaqueca, pois muitas vezes há falta de energia nas células cerebrais dos pacientes com enxaqueca.

“Corpos cetônicos são moléculas sinalizadoras. Em primeiro lugar, são um combustível mais eficiente que a glicose. Por molécula, eles produzem muito mais ATP [trifosfato de adenosina] do que a glicose. ,” ela disse. “Eles também induzem a produção de novas mitocôndrias, que inibem de forma potentes de espécies reativas de oxigênio”, explica Dra. Gross. 

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Um dos poucos consensos da ciência é a relação direta entre compulsão alimentar e enxaqueca e hoje entenderemos o porquê disso.

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A mais rápida forma de barrar enxaqueca 

E qual a melhor forma de barrar uma crise de enxaqueca, pergunta a PHD em enxaqueca e terapias cetogênicas Elena Gross, que responde: “tendo um episódio compulsivo, oras.”

Não deixe de ler o conteúdo especial de Elena Gross: Cetogênica como tratamento para enxaquecas (fato é que, após anos de prática, percebi que diversos tratamentos precisam ser integrados. A cetose sozinha não é uma pílula mágica neste caso). 

 

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Relação compulsão alimentar, bulimia e enxaqueca 

O dobro de pessoas com enxaqueca sofrem de compulsão alimentar.

Mulheres com transtornos alimentares apresentaram prevalências muito elevadas de enxaqueca, 84%. Entre os participantes com enxaqueca, 68% começaram a ter crises de enxaqueca antes do início dos sintomas dos transtornos alimentares.

Como a enxaqueca se inicia na maior parte dos casos? 

E como isso começa?  No rei hipotálamo: ataques de enxaqueca são resultado da perda de controle do hipotálamo sobre o sistema límbico.

O sistema límbico é o responsável pela regulação das emoções – especialmente medo, perigo, ameaças. Ele também regula a memória a motivação, o olfato.

Já o hipotálamo tem como função mais básica manter a homeostase (manter um estado interno estável). Ele controla controla a resposta do corpo ao estresse, a fome, sede, temperatura corporal, pressão arterial e frequência cardíaca.

Como centro do sistema límbico, o hipotálamo liga os sistemas endócrino e nervoso, mantém o equilíbrio interno do corpo (homeostase) e regula estresse, respostas imunológicas e funções hormonais.

Na enxaqueca, os desejos por comida geralmente fazem parte da fase pródromo, ou a fase anterior ao início da dor de cabeça.

Depois que a amígdala envia um sinal de socorro, o hipotálamo ativa o sistema nervoso simpático bombeando adrenalina na corrente sanguínea, que provoca uma série de alterações fisiológicas.

O coração bate mais rápido que o normal, empurrando o sangue para os músculos, coração e outros órgãos vitais. A frequência cardíaca e a pressão arterial aumentam.

A pessoa que sofre essas alterações também passa a respirar mais rapidamente. Pequenas vias aéreas nos pulmões se abrem. O oxigênio extra é enviado ao cérebro, aumentando o estado de alerta.

A visão, a audição e outros sentidos tornam-se mais aguçados. Enquanto isso, a adrenalina desencadeia a liberação de glicose no sangue que inundam a corrente sanguínea para fornecer energia rápida ao corpo em perigo iminente.

À medida que o aumento inicial de adrenalina diminui, o hipotálamo ativa o segundo componente do sistema de resposta ao estresse – conhecido como eixo HPA. Esta rede consiste no hipotálamo, na glândula pituitária e nas adrenais.

O episódio de compulsão é como se tu tivesse metido o pé no frio com tudo, já que tu vinha a 200km/h: isso cessa a resposta altamente estressora de lutar ou fugir. O sistema nervoso parassimpático vai reduzindo a velocidade, se tranquilizando e promovendo o que chamamos de rest and digest, o modo de descanso do corpo: não há mais perigo, cérebro. Não precisamos da crise.

Enxaqueca, GABA, transtornos alimentares, depressão e Glutamato

Existem incontáveis formas de frear este cérebro de forma menos agressiva e eu trabalho com todas elas. Por exemplo, uma teoria é que a enxaqueca resulta de um desequilíbrio na excitabilidade do córtex. Ressonâncias magnéticas mostram alterações nos níveis de GABA e glutamato (os neurotransmissores inibitórios e excitatórios primários no cérebro, respectivamente) em múltiplas regiões cerebrais em adultos com enxaqueca.

Níveis mais baixos de GABA no córtex sensório-motor foram associados a estarem mais próximos do próximo ataque de enxaqueca. Juntos, isso indica que os distúrbios do GABA e do glutamato ocorrem precocemente na fisiopatologia da enxaqueca. Regular o GABA, mesmo sem cetose, é um dos meus trabalhos mais importantes. 

Enxaqueca, TDAH,  fadiga, depressão, bipolaridade e estrogênio

Estudos recentes de ressonância magnética funcional (fMRI) do cérebro apoiam a existência de diferenças anatômicas e funcionais entre homens e mulheres, bem como entre participantes com enxaqueca e controles saudáveis. Além das alterações que ocorrem naturalmente nos hormônios sexuais endógenos ao longo da vida (por exemplo, puberdade e menopausa), os hormônios sexuais exógenos (por exemplo, contracepção hormonal ou terapia hormonal) também podem modular a enxaqueca. Dados recentes apoiam a visão histórica de um risco elevado de enxaqueca com quedas significativas nos níveis de estrogénio. Além disso, várias linhas de pesquisa sustentam que a redução da magnitude do declínio nas concentrações de estrogênio previne a enxaqueca relacionada à menstruação (MRM) e a frequência da aura da enxaqueca.

Enxaqueca e oscilações hormonais nas mulheres

Mulheres sofrem 3.25% a mais de enxaqueca do que homens, sendo mais prevalente em pessoas em idade reprodutiva. Embora níveis constantes ou crescentes de estrogênio possam reduzir o risco de enxaqueca, os ataques agudos de enxaqueca podem ser desencadeados por quedas significativas nos níveis de estrogênio.

Manter o estrogênio estável é algo que preciso trabalhar com quase todas as clientes. E ao meu ver é a maior ferramenta justamente para compulsão alimentar e enxaqueca, além de TDAH (sintomas agravados com queda de estrogênio), fadiga crônica, depressão, ou melhor, regulação do humor de forma geral, além de bulimia e, claro, transtorno bipolar. 

Estudos recentes de ressonância magnética funcional (fMRI) do cérebro apoiam que terapias de reposição de estrogênio também podem modular a enxaqueca. Dados recentes apoiam a visão histórica de um risco elevado de enxaqueca com quedas significativas nos níveis de estrogênio.

Além disso, várias linhas de pesquisa sustentam que a redução da magnitude do declínio nas concentrações de estrogênio previne a enxaqueca relacionada à menstruação (MRM) e a frequência da aura da enxaqueca. Por isso, é CHAVE no meu trabalho regularizar o estrogênio das minhas clientes.

Embora seja um dos distúrbios neurológicos mais comuns em mulheres e homens, a enxaqueca é 2 a 3 vezes mais prevalente em mulheres do que em homens. A enxaqueca é mais prevalente em pessoas em idade reprodutiva. Embora níveis constantes ou crescentes de estrogênio possam reduzir o risco de enxaqueca (isto é, gravidez e menopausa), os ataques agudos de enxaqueca podem ser desencadeados por quedas significativas nos níveis de estrogênio.

A redução da magnitude do declínio nas concentrações de estrogênio em mulheres com enxaqueca em idade reprodutiva previne a enxaqueca e reduz a frequência de ataques.

E meu trabalho é saber exatamente como regular hormônios, criar uma vida que não exacerbe tuas condições – dos exercícios ideais até os lazeres – , ativar e desativar os neurotransmissores inibitórios do cérebro e regular o sistema nervoso central.

Endorfinas, gaba, serotonina, ocitocina, glicina – e como te dar tudo isso de acordo com a tua vida, a tua rotina, os teus horários – com prazer, claro.

Consultorias e atendimentos com Juliana Szabluk  e a nutricionista especializada em cetogênicas para desordens graves, Roselane Maria dos Santos CRN-9 27616P 

Referências fundamentais para enxaqueca

Leia, saiba, aproprie-se, pratique e viva.

Is there a correlation between migraine and eating disorders? A systematic literature review. Neurol Neurochir Pol. 2023. doi: 10.5603/pjnns.97307 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38037683/ 

Fatores desencadeantes de enxaqueca: 1) jejum, 2)hormonais, 3) sono, 4) atividades 5) estresse 6) ambiente Neuro-Psiquiatr. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2008000400011

Migraine attacks as a result of hypothalamic loss of control. Neuroimage Clin. 2021;32:102784. doi: 10.1016/j.nicl.2021.102784 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8379646/

The role of nutrients in the pathogenesis of migraine headaches: Review. Biomed Pharmacother. 2018 doi: 10.1016/j.biopha.2018.03.059. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29571016/

Mitochondrial Function to Reduce Brain Energy Deficit and Oxidative Stress in Migraine. Nutrients. 2021. doi: 10.3390/nu13124433 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8707228/

Handbook of Clinical Neurology. Neurologic manifestations of malabsorption syndromes. https://doi.org/10.1016/B978-0-7020-4087-0.00042-5

Association between diet and migraine characteristics: The role of dietary inflammatory index. Curr J Neurol. 2020. doi: 10.18502/cjn.v19i2.4943 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7874891/

Desidratação, jejum e falta de sono são os 3 piores inimigos da enxaqueca (Migraine attacks as a result of hypothalamic loss of control. Neuroimage Clin. doi: 10.1016/j.nicl.2021.102784) https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34425551/

Association Between Eating Disorders and Migraine May be Explained by Major Depression International Journal of Eating Disorders DOI:10.1002/eat.22311 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24888633/

Changes in migraine characteristics over 30 days of Ramadan fasting: A prospective study. 2021. DOI: 10.1111/head.14231 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34726767/

Is migraine a risk factor for the occurrence of eating disorders? Prevalence and biochemical evidences. Neurological Sciences DOI:10.1007/s10072-012-1045-6 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22644175/

Migraine, Eating Disorders, and Triptans: An Unrecognized Risk?

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GABA and glutamate in migraine J Headache Pain (2001) https://link.springer.com/content/pdf/10.1007/s101940170011.pdf

Somatic symptoms and binge eating in women’s daily lives. Journal of Psychosomatic Research. 2020. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2020.110161

Is migraine related to the eating disorders? Int J Eat Disord. doi: 10.1002/1098-108x(199307)14:1<75::aid-eat2260140110>3.0.co;2-d.

Eating disorders and headache: coincidence or consequence?. Neurol Sci https://doi.org/10.1007/s10072-008-0894-5

One more bite in the understanding of migraine psychiatric comorbidity: the role of eating atitudes https://doi.org/10.1590/0004-282X20200123

A revised limbic system model for memory, emotion and behaviour. Neurosci. Biobehav. Rev. 2013;37:1724–1737. doi: 10.1016/j.neubiorev.2013.07.001.

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