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CUIDAR DO SER: o que seu terapeuta deve fazer por você?

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Os Terapeutas do deserto já postulavam uma antropologia não dual, considerando o ser humano como uma totalidade corpo/alma/espírito.

No marco desta antropologia holística, conforme o teólogo, filósofo e terapeuta Jean-Yves Leloup, Fílon desvelava a condição humana dentro de um quatérnio: basar, soma, a dimensão corporal; nephesh, alma, a dimensão psíquica; nous, a consciência sem objeto, a dimensão noética da psique em paz e, finalmente rouah, pneuma, o sopro, a dimensão espiritual.

Saúde plena, para os Terapeutas, refere-se ao corpo, à alma e ao nous quando são habitados pelo Espírito; é a transparência do essencial no existencial.

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Os Terapeutas eram, sobretudo, hermeneutas, habilitados na arte da interpretação do Livro das Escrituras, da Natureza e do Coração, dos sonhos e dos eventos da existência. Não se reduzindo a meras explicações analíticas, esta hermenêutica objetivava desvelar o sentido orientador, já que a única dor insuportável, segundo Leloup, é aquela, que não somos capazes de interpretar, destituída de qualquer sentido.

Antecipando a abordagem junguiana em dois milênios, os terapeutas liam as, Escrituras como textos do inconsciente e consideravam as enfermidades suscetíveis de interpretação, como se constituíssem textos sagrados.

A tarefa considerada primordial para os Terapeutas era cuidar, já que é a Natureza quem cura. Antes de tudo, cuidar do que não é doente em nós, do Ser, do Sopro que nos habita e inspira. Também cuidar do corpo, templo do Espírito, cuidar do desejo, reorientando-o para o essencial; cuidar do imaginal, das grandes imagens arquetípicas que estruturam a nossa consciência e cuidar outro, o serviço à comunidade implicando o próprio centramento no Ser.

Nesta tradição, o templo era também o hospital. É como se a própria terra nos estivesse devolvendo preciosos ensina mentos, zelosamente guardados no seu ventre materno durante dois mil anos, dos quais necessitamos, mais do que nunca, como se fossem bússola a orientar nossos passos para o norte do Amor e do Ser.

Roberto Crema